Embora esta referência seja amplamente
utilizada, podemos observar que as necessidades humanas descritas por Maslow
podem ser consideradas motivações humanas, ou seja, são as diversas
necessidades que fazem com que o homem tenha motivação para agir.
No entanto, é bastante questionável o facto
de que exista uma hierarquia de tais necessidades. É evidente que a necessidade de alimentação, vestuário, abrigo é em grande parte a motivação para o trabalho. No entanto, não é correto afirmar que somente no momento em que estas necessidades estão satisfeitas é que o homem passará a outros patamares da pirâmide.
Não é rara a
existência de pessoas que abrem mão das suas necessidades básicas em função de
um sonho, de uma auto-realização, pervertendo totalmente o sentido hierárquico
da pirâmide.
Se tomado, por
exemplo, a necessidade de associação. De acordo com a hierarquia das
necessidades propostas pela pirâmide, esta etapa somente se tornaria uma
motivação após outras necessidades terem sido satisfeitas, como por exemplo, as
necessidades básicas e as necessidades de segurança. No entanto, os seres
humanos vivem em comunidade e buscam associar-se ao mesmo tempo em que buscam
satisfazer suas necessidades fisiológicas e de segurança. A família, muitas
vezes, é uma fonte de motivação muito mais forte para determinados indivíduos
que a satisfação de uma necessidade física, a associação muitas vezes é
necessária para garantir a segurança física das pessoas.
Um outro factor
gerador de motivação que notificaremos é o que Viktor Frankl chamou de “vontade
de sentido”. Viktor Frankl foi um médico e psiquiatra austríaco, fundador da
escola da Logoterapia, que explora o sentido existencial do indivíduo e a dimensão
espiritual da existência.
Segundo este senhor,
o ser humano vive motivado, fundamentalmente, pela vontade de realizar sentido
na vida; para isso, o homem deve-se empenhar na realização de valores na forma
de criações, vivências e atitudes.
A pesquisa deste
senhor teve sua comprovação imediata, quando ele, judeu, esteve preso em campos
nazistas de concentração. Ele observou que o factor decisivo para a
sobrevivência no campo de concentração não era ser forte, jovem ou inteligente:
muitas vezes um idoso sobrevivia, enquanto um jovem logo morria; várias vezes
os homens mais fortes eram os primeiros a caírem em desespero, enquanto os mais
fracos aguentavam todas as provações (como foi o caso dele mesmo).
Portanto, embora a
teoria de Maslow nos auxilie a entender que as necessidades são fatores de
motivação, Frankl nos faz atentar para o fato de que nem sempre as necessidades
mais básicas são aquelas que o homem escolhe satisfazer primeiro. O que nos
move é a nossa “vontade de sentido” – em outras palavras: aquilo que faz com
que nossa vida tenha sentido.
Assim, podemos
concluir, que as necessidades e desejos humanos são motivações que nos levam a
agir. E mediante esta ação, aliviamos a tensão provocada por estas necessidades
e por estes desejos. No entanto, não podemos dizer que exista uma hierarquia
destas necessidades, pois elas aparecem de forma aleatória nos indivíduos,
competem com nossa vontade de sentido, ou muitas vezes colaboram com ela